Alheios e distraídos com nossos tablets e celulares super tecnológicos, nós nos distanciamos uns dos outros. Não há mais espaço para o diálogo, não existe momento de não fazer nada. Sempre existe pressa e muitos afazeres. Tudo é para imediatamente. Não há mais calma. E sem calma nós estamos sofrendo de ansiedade. Todos são ansiosos.
As crianças não fogem a essa regra. Mas, o pior para elas é que não sabem entender o que está acontecendo. Elas não sabem como reagir. Não reagem corretamente porque o adulto não está disposto a ensinar. Porque o adulto está com pressa. Sempre queremos mais. Sem pensar que o mais que deveríamos querer é a qualidade do nosso tempo. Como estamos gastando esse bem tão precioso?
E como podemos ensinar as crianças a reagir corretamente? Uma tarefa que nunca foi fácil de fato, mas, atualmente, impossível para muitos: podemos ensinar as crianças estando com elas, mostrando como agimos. Conversando, jogando, fazendo comida, limpando a casa, estudando, orientando, dando limites, deixando que resolvam seus problemas etc.
Precisamos retomar o leme desse barco chamado família. Só assim poderemos deixar para nossos filhos muito mais do que dinheiro. Poderemos lhes oferecer a capacidade de agir e reagir de maneira adequada e frutífera.
Precisamos preparar as crianças para os desafios da vida.
A criança está em desenvolvimento cognitivo, emocional, social e funcional. Elas não são mini adultos e não podem se tornar adultos sem o seu auxílio.
Imagine que a criança é seu convidado. Um convidado que não teve outra opção senão “aceitar o convite”, e agora ali está ela, na porta da sua casa.
Pense que esse convidado, que é a criança, não conhece a sua casa, não sabe as regras, onde são guardados os mantimentos, como e quando são as refeições. Ela nem conhece você direito, não sabe o que espera dela, como deve agir.
A sua criança, aquela que você “convidou”, só tem um desejo: ser amada por você. E ela tem uma necessidade: ser orientada e guiada por você.
Sua criança vai usar você como modelo principal. Ela vai te seguir e procurar ser o mais parecida com aquilo que vê. Nada daquilo que você diz fará mais diferença do que o que ela sente e percebe.
Porque a criança ainda está aprendendo. Portanto, ensine a ela.
Ensine sua criança a ser o adulto que você acredita que ela pode ser. Não espere que ela faça isso sem você.
Não pense que a escola, a casa aconchegante, as roupas, os brinquedos e todos os itens que podemos comprar serão suficientes para construir um indivíduo preparado emocionalmente, cognitivamente e socialmente.
Lembre-se: ela é sua convidada, e ninguém pode substituir o impacto que o seu contato tem no desenvolvimento da sua criança.